Mitos Africanos

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O Mito da criação do Mundo

 

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No principio nada existia. Existia um espaço. Olodumaré, com seu oketé de búzios, reinava soberano. Oniomon, por sua vez, perguntou curioso:

– Meu pai, está mesmo disposto a dar tudo o que eu quero?
– sim, estou – o pai falou muito tranqüilo

– eu também não quero ficar longe de você – disse o menino – mas se você puder me puder me dar um pouquinho de terra num saco, uma conquém e uma lança, eu lhe agradeço.

– é, meu pai, eu fico satisfeito – conformou Oniomon.

– e eu quero sempre acompanhar você – Omobirin repetiu, decidida.
Olodumaré abraçou o filho com alegria, depois saiu com Omobirin pelo espaço.

A terra logo começou a crescer, crescer, crescer… então ele prendeu o saquinho na cintura, pousou bem no meio da terra e soltou a conquém!

E lá foi ela ciscando e espalhando a terra preta pra todos os lados…

A terra cresceu mais ainda e a conquém não parava de ciscar…

Oniomon pisou bem forte e ficou todo contente de sentir a terra firme!

Depois, com sua lança foi marcando a terra aqui e ali…

Até que, lá pelas tantas, percebeu que ainda havia alguma coisa dentro do saco.

Ooh, Água – ele exclamou alegre.

Ele saiu caminhando, arrastando a ponta da lança no chão e a água foi rastejando atrás dele, se derramando mais ainda… seguindo o desenho que ele ia fazendo, até chegar à parte de fora da terra que está solta no espaço.

Oniomon deu uma volta completa ao redor da terra.

Então começou a observar o mundo que tinha se formado debaixo de seus pés a partir do lugar onde havia descido e a conquém tinha espalhado a terra.
Refez com os olhos atentos o caminho sinuoso das águas, e um lado a outro, até a fronteira do céu. Aí ele molhou a pontinha do dedo na água do rio, provou e disse:

– humm… que água boa! É fresca!

Depois experimentou aquela água que estava solta no espaço:

– essa é muito diferente! Hummm… Oniomon então teve a idéia de pegar bocados de terra, ir juntando e fazendo montinhos aqui e ali. Ele parava, olhava e tinha novas idéias.
Foi então que Olodumaré, do alto do seu grande espaço, decidiu chamar Aguemon, um servo muito inteligente, que estava sempre a seu lado:

– Aguemon, você que tudo vê e tudo sabe, vá à terra que dei a meu filho e veja o que ele anda fazendo. Um lindo arco-iris riscou o céu e foi por ele que Aguemon desceu até a terra.
– humm…

Aguemon saiu da água e, à medida que andava sobre a terra, seu corpo ia ficando escuro.
– Ahh, mas que beleza! Oniomon também criou pedras! Olodumaré vai gostar de saber!

Depois Aguemon se escondeu no meio das folhas e ficou todo verde. Seus olhos grandes iam reparando naquela enorme variedade de árvores e plantas que se estendia sobre a terra… Aguemon estava impressionado, quanta coisa o filho de Olodumaré plantou! Aguemon subiu um monte bem alto, ficou todo marrom e vermelho e, quando chegou ao topo, ele disse: humm… eu posso ver um grande espaço… daqui posso ver muitos lugares ao mesmo tempo… Aguemon já tinha visto o bastante.
Aguemon andou… atravessou meio mundo, até finalmente encontrar o arco-iris, que tinha uma ponta na água doce e a outra na água salgada.

Hummm… que mergulho gostoso ele deu!

Aguemon nadava de frente, de costas, se divertia nas ondas do mar…- Então eu vou pedir que você volte à terra, Aguemon. Aguemon abriu o bocão e encheu o papo.
Esperou até o outro dia e desceu novamente pelo arco-íris, dentro da água doce. Aguemon chegou de mansinho, viu que Oniomon estava dormindo, soprou para um lado e saíram insetos.
Por ultimo Aguemon soprou bem na direção da cabeça de Oniomon e finalmente saíram os sonhos…
Foi assim que o filho de Olodumaré sonhou pela primeira vez. Novos viventes que, sem ele saber, acabavam de sair da boca de Aguemon.

Aquele dia Oniomon acordou diferente e sentiu que algo havia mudado.
Oniomon meteu a mão e sentiu o frio da água na terra… era a lama!

E com lama fez uma bola, em seguida fez um monte, aí esticou para os lados e viu uma coisa plana e comprida, e modelando a lama viu quanta coisa podia…

Oniomon descobriu que a lama podia ganhar formas. Aguemon, que estava escondido vendo, foi embora contar tudo à Olodumaré.

Oniomon descobriu que a lama podia ganhar formas. Aguemon, que estava escondido vendo, foi embora contar tudo à Olodumaré.

(Carolina Cunha)